sexta-feira, 26 de junho de 2009

RELATÓRIO DE PESQUISA DE CAMPO EM SOFTWARE LIVRE



UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA-SÉRIES/INICIAIS
PROJETO IRECÊ CICLO DOIS 2009.2
RELATÓRIO DA PESQUISA DE SOFTWARE LIVRE
PROFESSORA: MARIA HELENA BONILLA
ORIENTAÇÃO: SOLANGE MACIEL E MARGARETH DOURADO
CURSISTAS: DULCENALVA ARAUJO NOVAES ALECRIM, JOSÉ NILDO NUNES SANTANA E NUBIANEI OLIVEIRA DA SILVA SOUZA



O Software Livre surge, então, da necessidade de abandonarmos o velho papel de meros usuários da tecnologia e passarmos a desenvolvê-la e usá-la para o bem de todos. O Brasil, particularmente, precisa acabar com sua dependência tecnológica e passar a desenvolver softwares, ao invés de continuar refém dos preços abusivos impostos pelas grandes corporações e seus mercados. ( Cartilha de software livre, 2005)


INTRODUÇÃO

No processo de apropriação das novas tecnologias, no qual a sociedade está inserida, não se pode negar que há uma proposta de construção de conhecimento em rede. As novas tecnologias de comunicação e da informação são meios que conduzem a uma melhor qualidade de vida, garantindo liberdade social e conhecimento coletivo, que possibilitam a formação de cidadãos produtores de conhecimento e não somente consumidores de idéias e programas.
O governo federal tem se mostrado comprometido com o desenvolvimento nacional, investindo na tecnologia da informação com o objetivo de gerar emprego e renda para a sociedade, reduzindo assim a exclusão social. O prefeito municipal de Irecê em parceria com os governos estadual e federal implantou em Irecê a politica do software livre, incentivando a população à inserção das novas tecnologias e a construção do conhecimento digital, possibilitando o acesso de pessoas de baixa renda, diminuindo assim as diferenças sociais.
Apesar de os governos estarem engajados com a criação de politicas publicas nacionais e federais e do investimento do governo municipal de Irecê não se percebe ainda, um reflexo significante em relação a politica do software livre. Para que possa acontecer a inclusão de fato é necessário a ampliação do espaço físico em algumas escolas, mais computadores de forma que atenda a demanda de todas as escolas e profissionais capacitados para dar suporte aos usuários.
RELATÓRIO
O município de Irecê, na Bahia, trata a inclusão digital como um canal privilegiado para a redução da desigualdade social e econômica, marcada fortemente pela má distribuição de renda. Para garantir a inclusão digital em nosso município , com o intuito de estimular e apoiar o desenvolvimento das atividades tecnológicas do município, fez parceria com os seguintes programas de governo. O Programa de informática educativa (Proinfo), lançado pelo MEC, que tem como objetivo a "introdução" dos computadores nas escolas da rede pública de todo Brasil; A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB, instituição de direito público, foi criada em 27 de agosto de 2001, através da Lei Nº 7.888. O Projeto Especial Identidade Digital, (PID), que tem o objetivo geral de potencializar as oportunidades de desenvolvimento espacial equilibrado e de inclusão social, por meio da democratização do acesso da população aos recursos da informática e da internet, em todas as regiões do Estado e para todas as camadas sociais, conforme consta no documento “Identidade Digital – Programa de Inclusão Digital do Estado da Bahia”, de abril de 2004, encaminhado pela (SECTI) A Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação ,e à equipe de auditoria do programa de inclusão digital .
O município de Irecê articulado com a Universidade Federal da Bahia, (UFBA/FACED), deu um passo importante em busca da informação e do conhecimento, através das novas tecnologias de comunicação digital proporcionando a construção coletiva. Com a implantação do Projeto Irecê - Curso de graduação para professores do município, em 2003, atraves do projeto do Professor Nelson de Luca Pretto, desenvolveu uma ação do Projeto Rede de Intercambio de Prática Educativa (RIPE). Apoiado pela prefeitura, com o objetivo de disseminar o software livre e promover a inclusão digital, beneficiando as pessoas de baixa renda e proporcionando mudanças significativas na educação.
Acreditamos que a Inclusão Digital com Software Livre é consideravelmente viável, garantindo assim aos seus usuários a liberdade de executar, distribuir, estudar, modificar e aperfeiçoar os programas. Em outras palavras, ao optar por um software livre, há necessidade de refletir sobre a integração entre tecnologia, sociedade e cultura, tendo em vista a necessidade de promover uma inclusão sócio-digital,com a apropriação de computadores e telefones, voltada para a ampliação de acesso às novas linguagens de comunicação, utilizando todos os recursos tecnológicos acessíveis a serviço da cidadania.
Segundo Ariston Eduão, coordenador do Ponto de Cultura, uma das inúmeras vantagens do software livre em Irecê é o uso para a educação, pois possibilita o estudo e pesquisa de suas potencialidades, desde o programador até o usuário. O Ponto de Cultura e o Tabuleiro Digital utilizam o software livre em todas as máquinas, amparados pela lei do Plano Diretor,15/2008. O Plano Diretor foi aprovado em 31/12/2008 sobre a regulamentação da lei específica para 2010.
O plano diretor no capitulo VIII Art. 15 paragrafo V e VI fala da implantação do programa de suporte ao uso de software livre no município e da criação de programa de incentivo para o intercambio entre os setores de pesquisa, estudo, produção e fruição da ciência e tecnologia no município e fora dele. Com implementação do plano diretor a comunidade ireceense tem a possibilidade de desmistificar e expandir o conhecimento e uso do software livre. O Ponto de Cultura e o Tabuleiro Digital articulam com as políticas públicas municipais e federais, dando suporte na instalação e manutenção dos laboratórios de informática do (PROINFO) Programa de Informática Educativa implantados nas escolas e telecentros em bairros e povoados do município de Irecê, A prefeitura fornece o espaço físico, internet e recurso para remuneração de funcionários.
De acordo com Nelson Rodrigues da Cruz Júnior, professor pesquisador do infocentro e professor da escola José Francisco Nunes, os usuários são os professores e alunos da escola e que esses não sentiram dificuldade na realização tarefas em nenhum aplicativo. Os computadores vindo do Ministério de educação vieram através do PROINFO, já vieram com o programa Linux Educacional, induzindo os alunos a fazer uso apenas para pesquisa. Apesar dessa afirmação, não foi apresentada nenhuma evidência que comprove essa prática. Além das vantagens que o Software livre oferece ao dar liberdade com seus códigos fontes abertos, para modificações e estudo, é econômico, pois o recurso que o governo gastaria com programas de alto custo, está sendo investido em novas tecnologias para a população. A comunidade escolar reconhece que utilizar software livre possibilita a liberdade de estudar e executar o programa, saber como funciona e modificá-lo sem restrições.
A manutenção é feita pelo próprio Nelson, com apoio do Ponto de Cultura, que preparou jovens para entrar no mercado de trabalho. Alguns desses jovens ingressaram nos cursos voluntariamente, e estão trabalhando com informática em empresas públicas e privadas, como é o caso de Dino Estevão, um rapaz que aprendeu informática através do ponto de cultura Anísio Teixeira e atualmente é monitor do infocentro da escola municipal Luiz Viana Filho, no bairro São Francisco. De acordo com o que Dino nos informou, enquanto o entrevistávamos, as máquinas operam com o programa Linux Educacional do governo federal, também destinado à pesquisa. Diz que não há dificuldade para trabalhar com aplicativos livres, porém como o software livre é novo no mercado, não há ainda conhecimento suficiente por parte da população para que os projetos se espalhem e dominem o mercado. A escola recebeu o infocentro através do Programa do Governo Federal, Programa de informática educativa (Proinfo), lançado pelo MEC, que tem como objetivo a "introdução"dos computadores nas escolas da rede pública de todo Brasil; sendo uma política publica federal articulada com a municipal voltada à universalização da cultura digital, que incentiva a adoção e a produção de software livre. Esse programa adotou o software livre, por gerar uma economia muito grande e possibilitar uma inclusão digital a um maior número de pessoas.
A escola Odete Nunes Dourado também usufrui dos conhecimentos de dois jovens que participaram do projeto “Agente Cultura Viva,” desenvolvido pelo Ponto de Cultura. Esses jovens estão monitorando o infocentro com dez computadores, todos com o programa Berimbau Linux. Os computadores são destinados ao uso exclusivo dos alunos. Porém, há um professor com disponibilidade de vinte horas para articular com os professores a produção de vídeos. O infocentro articula com políticas públicas municipais e estaduais, sendo elas: O Programa de Identidade Digital (PID), apoiado pela prefeitura.
Além das escolas públicas municipais aqui citadas, visitamos a loja Maia, vinda para Irecê aproximadamente há um ano, e, segundo o gerente, em seus computadores estão instalados software livre e software proprietário. Jonas,o gerente da loja, afirma que trabalhar em programa livre lhe permite abrir vários arquivos ao mesmo tempo. Isto não tem nada a ver com software livre – todos os programas permitem isso Os usuários são funcionários e não foram capacitados para operar as máquinas com o software livre. Um deles tem prática e ajuda quando necessário. O suporte técnico vem do Centro Tecnológico, organizado em João Pessoa, na Paraíba. As lojas Maias comercializam computadores com programas de Software livre, trocando por programa proprietário a pedido do cliente. O gerente não tem conhecimento sobre a política pública articulada com os programas usados nas lojas.
Visitamos a Empresa Baiana de Água e Saneamento S. A Embasa, entrevistamos o Sr. Carlos Ribeiro, técnico de manutenção da empresa. Ficamos sabendo que a empresa migrou para o software livre há mais ou menos cinco anos, por uma demanda estadual que aderiu a um projeto do governo federal. Qual demanda? Que projeto federal? O entrevistado diz que são grandes as vantagens, e a empresa já economizou três milhões de reais com o uso do software livre.. Ele pensa que há poucas empresas na região que faz uso desse programa, devido a falta de conhecimento ou por medo do novo. Além de ter baixo custo para o consumidor, ele é imune a vírus, isento de pirataria e, por ser livre, pode ser adaptado às necessidades das empresas.Com as entrevistas estamos confirmando o que vimos na aula com a professora Bonilla e o que estudamos nos textos virtuais. Está posta a proposta de governo de promover a inclusão sócio/digital. Especialmente o governo Federal que está disseminando o software livre, proporcionando a inclusão digital e diminuindo as desigualdades sociais. É somente através da educação que o Brasil pode sair da condição de consumidor de informações e conhecimentos construídos pelos países de primeiro mundo. A globalização exige investimento na construção de novas educações com a informatização nas escolas, atingindo assim um maior número de pessoas com a inclusão digital e o município de Irecê tem mostrado ações concretas para o crescimento, no âmbito educacional e econômico preparando jovens e professores através de cursos e formação continuada dando enfoque nas novas tecnologias.
Conclusão

A elaboração desse relatório exigiu dos participantes do grupo a leitura do plano Diretor, documento aprovado em 2008 pela prefeitura de Irecê e a leitura dos textos indicados pela professora Maria Helena Bonilla, orientadora da pesquisa. Os textos apresentam as políticas públicas estaduais e municipais, seus objetivos, diretrizes e ações, Além da Cartilha de Software livre.
Organizamos visitas nas escolas e em empresas, onde tem infocentros. Algumas vezes fomos os três juntos, outras separados; depois nos reuníamos para discutir e organizar as ideias. Tivemos o cuidado de não abandonar nenhuma informação importantes - e todas foram importantes para nós – visto que desconhecíamos quase todos os dados coletados na pesquisa. Nas afirmativas da professora Bonilla nos deixa claro que: “É no contato com as tecnologias que os sujeitos vão tomando conhecimento dos diferentes sistema simbólicos, tematizando e compreendendo seu contexto.” (BONILLA, 2005, p. 43) Compreendendo a importância de buscarmos conhecimentos necessários para tal entendimento do software livre assim como os avanços tecnológicos.
Diante do movimento de inclusão digital e a implantação do sistema operacional livre, foram muitas as discussões relacionadas às questões do software livre nos últimos meses e percebemos o quanto o assunto ainda é complexo para nós cursistas, porém descobrimos também que o mesmo possibilita qualidade na construção do conhecimento no processo educacional, possibilitando uma aprendizagem interativa e colaborativa. Com todo esse movimento de inclusão digital, percebemos que muitas ações precisam ser viabilizadas para que toda sociedade se inclua nesse processo tecnológico, visto que o maior problema de inclusão digital está localizado nos bairros periféricos que ainda não foram beneficiados.
Através do conhecimento construído, podemos afirmar que, apesar da falta de consciência política por parte da população, o software livre já é uma realidade em nosso município. Após a apresentação da atividade e durante as pesquisas, vários cursistas migraram parcialmente para o software livre.
REFERÊNCIAS:
BONILLA, Maria Helena: Escola Aprendente: para além da sociedade da informação. Rio de Janeiro: Quartet: 2005, p. 43.
PROJETO SOFTWARE LIVRE. Cartilha de Software Livre, Salvador, 2005.